
Em meio a um mercado de trabalho estagnado e à taxa de desemprego juvenil acima de 14%, cresce na China um fenômeno curioso: jovens desempregados pagando para trabalhar em escritórios de mentira.
Em cidades como Shenzhen, Shanghai, Nanjing, Wuhan, Chengdu e Kunming, empresas como a Pretend To Work Company oferecem mesas, internet, salas de reunião e até café por 30 a 50 yuans (cerca de R$ 20 a R$ 35) por dia. No local, eles podem buscar vagas, desenvolver projetos pessoais ou simplesmente manter uma rotina.
Shui Zhou, 30 anos, aderiu à prática após fechar seu negócio de alimentação em 2024. Ele chega por volta das 8h e às vezes fica até 23h. “É como trabalhar em grupo. Fiz amigos aqui e minha disciplina melhorou”, conta. Já Xiaowen Tang, 23, usou o espaço para “provar” à universidade que tinha estágio — requisito para receber o diploma — enquanto escrevia romances online.
Segundo o pesquisador Christian Yao, a tendência é “comum” e reflete a frustração e o desalinhamento entre a formação acadêmica e as oportunidades reais. Para o fundador da Pretend To Work Company, conhecido como Feiyu, o que ele vende “não é uma estação de trabalho, mas a dignidade de não se sentir inútil”.
