Diário de Viagem by Lelo Apovian

14/04/2012 - 12:30 | Por: Circolare

Apaixonado por esportes, o empresário Marcelo Apovian começou a esquiar, ainda pequeno, com a família. Foi três vezes campeão brasileiro de ski, vice-campeão brasileiro de snowboard, e participou de quatro mundiais e duas Olimpíadas de Inverno, representando o Brasil.

Uma turma afiada se aventurou pelas bravas montanhas canadenses e Lelo nos conta sua experiência inesquecível entre os amigos Hamilton Dias de Souza, Frederico Prado Lopez, Andre Athie, Marcelo Picchi, Tony Marx e Dinho Tranchesi.

“Já faz algum tempo que virou moda esquiar entre os brasileiros – Aspen, Courchevel, Lech, Vail, Wengen, Cortina D’ampezzo, Val d’Isère e Portillo são alguns dos lugares mais glamorosos, famosos e frequentados pelos amantes do esporte no Brasil.

Pois bem, fazia anos que queria algo diferente e sabia onde encontrar: no Canadá. Mas faltava tempo, dinheiro, uma turma de bons esquiadores e companheiros que fariam o programa ser divertido. Esta data chegou em abril de 2012. Bom, para chegar lá…..foram 48 horas de viagem, 11 horas de voo direto entre São Paulo e Toronto, mais outras 4 de Toronto a Calgary, 8 horas de ônibus até chegar em um estacionamento na beira da estrada no estado de British Columbia, lá em cima, não muitas horas do Alaska. Para fechar mais 15 minutos de voo em um helicóptero que foi desenvolvido para a Guerra do Vietnã.

Chegamos em Cariboo, montanha que faz parte das Rocky Mountains, o maior espaço esquiavel do mundo para a prática de Heli-ski. Descoberto por um austríaco esquiador, alpinista maluco, chamado Hans Gmoser, nos também malucos anos 50 do pós guerra, do início da revolução feminista, das drogas sintéticas e do Rock’n’Roll.

Ficamos hospedados em um “lodge” chamado Cariboos que está localizado entre milhares de montanhas, dentro de um parque florestal e com uma quantidade de neve virgem jamais vista em minha vida de esquiador, que já leva 30 anos.

Foi Hans que fundou a CMH, Canadian Mountain Heli-ski, ou como eles rebatizaram mais tarde  – CMH, Canadian Mountain Holiday, para tentar viabilizar as viagens ao paraíso das neves também no verão.

O lugar é simplesmente o melhor do mundo para esquiar, falo isso com convicção de quem já esquiou na França, EUA, Argentina, Chile, Áustria, Eslovênia, Japão, Itália, Suíça e Espanha.

São quilômetros e mais quilômetros de descidas, das mais variadas inclinações, dos mais variados tipos de neve fofa/virgem, com um visual que mescla árvores verdes altas e lindas, com outras que sofreram uma grande queimada nos anos 60 e ainda estão de pé (uma imagem parecida com o pós-guerra de uma cidade totalmente devastada), montanhas enormes que mostram como o homem não é nada comparado com a natureza. Um lugar mágico.

Porém CMH não é um lugar comum, nada se assemelha com outras estações de esqui, com cadeirinhas que te levam para os picos das montanhas. Tão pouco tem lojas para compras no aprés-esqui, impossível sair para jantar fora, nem mesmo uma farmácia é possível encontrar. O lugar tem o “lodge”, dois helicópteros e nada mais. NADA mais mesmo !!

Para subir na montanha, helicóptero, para subir de novo, helicóptero. Seguindo as regras (que são rígidas) dos guias de montanha que esquiam com o grupo, as chances de acidente são baixas. O risco está nas avalanches e ou no helicóptero. Muito menos perigoso que dirigir em São Paulo ou usar um Rolex sem carro blindado.

Depois de mais ou menos 12 descidas no dia, você esta mais cansado que o Ronaldo Fenômeno no jogo de despedida da seleção. É hora de fazer Jacuzzi, tomar banho e ir para o refeitório que serve uma boa comida, mas depois do dia intenso, ela é suficiente para acordar e comer umas 3000 calorias no café da manhã. Nada de luxo, é muito esqui, a melhor neve da vida, o visual mais lindo e natural possível. O silêncio das montanhas e o barulho do helicóptero, são esses sons que ouvi durante 7 dias.

É esporte na veia, neve nos olhos e sem dúvida, no meu caso, umas das viagens mais divertidas da vida, afinal não é somente o Hans Gmoser que é maluco, meus amigos também são, e  e isso foi fundamental para o sucesso da viagem.”