Grupo português desiste de construir hotel em área indígena na Bahia

19/11/2019 - 18:00 | Por: Circolare


O grupo português Vila Galé anunciou que desistiu de construir um resort de luxo de R$ 150 milhões numa área do sul da Bahia demarcada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como de habitação tradicional indígena da etnia Tupinambá.

O empreendimento, batizado de Vila Galé Costa do Cacau, estava previsto para ser construído numa área paradisíaca do litoral de Una, município vizinho a Ilhéus. Anunciado em junho de 2018, tinha previsão de ser entregue em 2021, mas as obras ainda não tinham sido iniciadas.

O Vila Galé Costa do Cacau seria “um resort all inclusive com 467 unidades habitacionais”, conforme a descrição no site do Grupo Vila Galé, sediado em Lisboa, Portugal, e considerado um dos maiores do ramo hoteleiro português. Piscinas (externa e interna), Clube Nep (espaço infantil), Spa Satsanga, quadras poliesportivas, restaurantes e bares faziam parte do projeto.

No comunicado, o Vila Galé diz que se vê “forçado a abandonar o projeto”, mesmo que possua “o apoio explícito da Prefeitura de Una, do Governo Estadual da Bahia e dos órgãos de Turismo do Governo Federal, por se tratar de uma obra de maior relevância econômica e social”.

“Apesar de alguns poucos sem razão prejudicarem toda uma população que se vê privada da oportunidade de ter emprego num projeto de prestígio, vamos ser forçados a abandonar este projeto”, diz o comunicado.

Na área demarcada pela Funai em 2009 como sendo a Terra Indígena Tupinambá de Olivença vivem cerca de 4,5 mil índios, divididos em 23 aldeias. A maior parte deles se concentra na região da Serra do Padeiro, em Buerarema.

De acordo com indígenas, a área do Vila Galé Costa do Cacau englobaria cerca de 800 hectares da terra tupinambá, onde estão também praias desertas, vegetações nativas da Mata Atlântica e áreas de mangue do rio Acuípe, na divisa entre Una e Ilhéus. Na mesma área vivem cerca de 250 famílias de índios da aldeia Acuípe de Baixo.

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